O 1º negro

Em um dia de gala para a seleção de Gana no tradicional Estádio Wembley, a anfitriã Inglaterra estragou a festa ao entrar em campo com um time misto, mas compensou o constrangimento "permitindo" o empate nos acréscimos. Os ingleses prepararam uma festa respeitosa para os visitantes: abriram as portas para que os africanos jogassem pela primeira vez em sua casa e homenageram Arthur Wharton, o primeiro negro a jogar futebol profissionalmente no mundo.

A partida era vista como um momento histórico para o povo ganês. Era a chance de finalmente enfrentar o país que os colonizou e os apresentou ao futebol. Entretanto, quando Gana se rendeu à causa, comprando 20 mil ingressos para representar os mais de 400 mil ganeses que vivem em território inglês, o técnico Fabio Capelo deciciu liberar os figurões do time (Rooney, Terry, Lampard e Cole).

Em campo, o reserva Carroll, do Liverpool, abriu o placar aos 43 minutos do primeiro tempo. Gyan empatou nos acréscimos, dando um gostinho de vitória para os africanos.

Fruto de um relacionamento entre um nobre britânico e uma princesa africana, Arthur Wharton, símbolo da união entre a Inglaterra e a Costa do Ouro (antigo nome de Gana no tempo em que era colônia inglesa), chegou ao país europeu em 1884 com 19 anos.

Wharton, que jogava como meia e como goleiro, iniciou sua carreira futebolística no clube amador Darlington FC mas logo acabou indo jogar profissionalmente no Preston North End, chegando às semifinais da Copa da Inglaterra em 1887 - na época o torneio era o mais importante do mundo.